Letra
Outra Época — Só Pode Ser Brincadeira
Estrofe 1
No que meu pai contou,
você não vai acreditar:
de quando ele era criança
e tudo era bem mais devagar.
Ficava na rua até anoitecer,
correndo descalço, sem se aborrecer.
Beber refri? Só no fim de semana.
E doce era só se ele soubesse merecer.
Estrofe 2
Não tinha tablet, nem celular —
brincava de pique até o sol se deitar.
Telefone? Só um pouquinho!
E ainda era preso com fio enroladinho.
Pra ouvir música tinha que esperar
a canção tocar no rádio popular.
Em vez de Spotify e botão,
era disco na vitrola chiando de montão.
Refrão
Naquele tempo tudo era encanto,
e o mundo cabia todo no quintal:
um lençol virava cabana,
um galho virava espada bacana.
Tinha menos tela, mais ôlho no olho,
menos pressa e mais tempo no colo.
Ah, como era bom brincar
sem nem ver a hora passar!
Estrofe 3
Viajar era ir pra casa da vovó,
com bolo no prato e cheiro de canela.
Fotografia? Tinha que revelar —
às vezes saía com olho a piscar!
O lanche era fruta ou mortadela no pão,
e a alegria vinha sem precisar de tomada.
Tinha bola de gude, boneca de pano e pé no chão,
e histórias contadas com voz e coração.
Ponte
A prova chegava com cheirinho de álcool,
a televisão era pequena e gordinha.
Rádio-relógio marcando o horário,
e o pinguim morava em cima da geladeira.
Pra ouvir música, fita cassete,
e no computador, só mesmo disquete.
Na cozinha, toalha de renda fininha,
e na estante, foto antiga da família inteirinha.
Estrofe 4
Pra fazer trabalho, ia até a estante,
abria enciclopédia fascinante.
As férias duravam uma eternidade,
com céu estrelado e muita liberdade.
Cartinha dobrada e escrita à mão,
guardava segredo e emoção.
E mesmo sem nada que piscasse ou apitasse,
a infância era cheia de graça que não passa.
Refrão final
Naquele tempo tudo era encanto,
e o mundo girava num leve canto.
Mais vento no rosto, mais pé no barro,
mais tempo pro abraço apertado e raro.
Se a gente escutasse o que o tempo ensinou,
brincava mais e reclamava menos, por favor!